Músicas que tentaram 'mudar' o Brasil entre 1964 e 1985
Música: Cálice
Chico Buarque e Milton Nascimento, com participação de Gilberto Gil.
Trecho marcante: "Como é difícil acordar calado/ Se na calada da noite eu me dano/ Quero lançar um grito desumano/ Que é uma maneira de ser escutado".
Contexto: O título da música é um jogo de palavras que mostra a ambiguidade entre "cálice" e "cale-se". Composta em 1973 por Chico e Gil, só pode ser lançada em 1978 por causa da forte censura do período. Pouco antes de "Cálice" ser composta, Chico viveu um auto-exílio na Itália, em 1969. Gil também esteve exilado por causa da ditadura e só retornou ao País em 1972.
Música: O Bêbado e a Equilibrista
João Bosco e Aldir Blanc, gravação de Elis Regina.
Trecho marcante: "Chora a nossa Pátria Mãe gentil/ Choram Marias e Clarisses/ No solo do Brasil".
Contexto: Lançada em 1978, deixou Elis Regina encantada com a letra, tanto que a cantora é a mais famosa interprete dessa música. Um hino da anistia, faz referência às viúvas de presos políticos (Maria, viúva de Manuel Fiel Filho, e Clarisse, viúva de Vladimir Herzog) e ao exílio de intelectuais como o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho.
Música: Pra Não Dizer que Não Falei das Flores.
Geraldo Vandré.
Trecho marcante: "Há soldados armados/ Amados ou não/ Quase todos perdidos/ De armas na mão/ Nos quartéis lhes ensinam/ Uma antiga lição/ De morrer pela pátria/ E viver sem razão"
Contexto: Levou o segundo lugar no Festival Internacional da
Canção, em 1968, e se tornou um hino de todos que buscavam a abertura política. Com o acirramento da repressão a partir do Ato Constitucional nº 5 (1968), Vandré foi exilado no Chile, Alemanha e França. Quando retornou ao Brasil, em 1973, continuou a ser acompanhado de perto pelos militares. Música: É Proibido Proibir.
Caetano Veloso.
Trecho marcante: "E eu digo não/ E eu digo não ao não/ Eu digo: É!/ Proibido proibir".
Contexto: A primeira apresentação