Música popular e história, 1890 - 1920
Martha Abreu (
Carolina Vianna Dantas (((
O encontro entre pesquisadores da área de História e Música, em agosto de 2008 na Casa de Rui Barbosa, foi uma ótima oportunidade para avaliarmos nossas possibilidades de pesquisa e diálogos acadêmicos, como essa publicação mostra tão bem. Na ocasião apresentei uma comunicação sobre Eduardo das Neves (1874-1919), o crioulo Dudu, como era mais conhecido. Músico e compositor, Dudu soube construir uma trajetória entre o circo e a iniciante indústria fonográfica, fazendo de sua arte musical um excelente canal de expressão política[1]. Para essa publicação, entretanto, optei em republicar, ligeiramente modificado, um artigo que escrevi em co-autoria com Carolina Vianna Dantas, em 2007, acrescido de uma reflexão minha atualizada sobre as primeiras histórias da música popular brasileira [2]. O trabalho com Carolina reuniu os resultados de nossas pesquisas sobre intelectuais ligados ao folclore e à música popular, nas três primeiras décadas da Primeira República, e também situa, mesmo que rapidamente, Eduardo das Neves nesse contexto. Entendo que esses trabalhos juntos podem expressar uma contribuição mais efetiva às relações entre história e música, pois operam na discussão e revisão de um referencial clássico da história da música no Brasil: a construção da nação, frequentemente definida em termos musicais. Como não tinham sido publicados em obras especializadas na temática musical, entendi que valia a pena republicá-los em uma obra que pretende ser um dos primeiros esforços de diálogo interdisciplinar entre história e música, entre historiadores e historiadores da música do longo século XIX.
Música popular e folclore no Brasil, 1890-1920 – abordagens e questões
Na década de 1930 Mário de Andrade consagrava a música popular como a “a criação mais forte e a caracterização mais bela da nossa raça” [3]. Em 1950, Gilberto Freyre afirmava que ela era