Máquina de fazer machos
Felizmente vivemos numa sociedade cada vez mais complexa, em que assistimos a complexificação e a problematização destes modelos de ser masculino e feminino. Convivemos com fenômenos emergentes que vêm dilapidando e corroendo estes modelos de subjetividade, estas formas de ser e pensar as identidades de gênero. Muitas conquistas foram feitas pelas mulheres no último século. Mas consideramos que o mesmo ainda não ocorreu com os homens, pelo menos na mesma intensidade com que ocorreu com as mulheres. Por não terem sido colocados como agentes deste processo, os homens mais sofreram as suas conseqüências e tentaram a elas se adaptar, do que foram protagonistas dessas redefinições dos lugares de gênero. Os homens viram entre atônitos e indignados, entre revolta e a admiração, ocorrer uma revolução silenciosa nos costumes que solapou seus lugares tradicionais, questionou suas identidades, colocou-os em novas relações, convocou-os a se repensar e se redefinir. Muitas vezes alçados à condição do grande vilão, de inimigo mesmo, os homens vêm tentando se adaptar ao novos tempos, sem que tenham deixado de lutar insistentemente para manter seus privilégios e o seu lugar de poder na sociedade, sem que tenham deixado de tentar desqualificar, numa intensa batalha simbólica, as conquistas e mudanças sociais e culturais promovidas pelas mulheres. Por isso, seria importante que uma nova etapa dos feminismos incluísse os homens como sujeito e como objeto de suas práticas e discursos. Repensar, reescrever e elaborar novas formas de ser para o masculino devem incluir, a partir de agora, os próprios homens como sujeitos que, implicados no processo poderão, mais do que ninguém, saber dos problemas, das dores e delícias que a antiga forma de definir o masculino e de definir a relação com o feminismo trazia.
Os homens devem, antes de mais nada, ser convencidos de que redefinir o masculino é uma necessidade e uma urgências para os próprios homens. Estes