Muçulmanos
O antigo “império do mal”, expressão com que o presidente norte-americano Ronald Reagan estigmatizava a URSS,foi substituído por George W. Bush, pela ex-pre-ssão “eixo do mal”, colocando, no mesmo saco, vários países islâmicos, Iraque, Irã, Síria, Líbia, mas também um país comunista, Coréia do Norte.
Na convocação internacional para se lutar contra o terrorismo, o presidente Bush falou de uma “cruzada” do ocidente cristão ameaçado pelo ativismo muçulmano.
Na ânsia de compreenderem o que está acontecendo, muitas pessoas têm recorrido à teoria de Samuel Hun-tington de que os conflitos deste século XXI serão conflitos entre civilizações. A teoria que foi logo simplificada para “guerra de religiões”.
2. Guerras de religião?
Estes acontecimentos ressuscitaram a inquietante pergunta acerca da relação entre violência, guerras e religiões. Seriam elas fator de paz ou contribuiriam para agravar tensões e conflitos, com um componente explosivo, pois falam em nome de Deus e trabalham com a noção de absoluto inclusive ético?
Este clichê, “guerra de religiões”, passou então a ser usado como chave de leitura para muitos outros confli-tos contemporâneos.
O da Irlanda do Norte, por exemplo, em que distritos de maioria católica desejam separar-se dos outros de maioria protestante e juntar-se à República da Irlanda, vem sendo descrito como uma guerra entre “protestantes e católicos”.
O choque “palestino-israelense”, por conta das terras palestinas ocupadas pelo Estado de Israel, a partir de 1948 e sobretudo depois da guerra dos seis dias, em junho de 1967; por conta de 4,5 milhões de refugiados palestinos, com direito a retornarem ao território de onde foram expulsos; por conta das quase trezentas colônias judaicas implantadas ilegalmente nas escassas