Muryuuga
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Relações e semelhanças entre Auto da Compadecida com as obras de Gil VicentAmbos possuem semelhanças concretas, principalmente, com relação à:
1. Construção das personagens: cada personagem representa uma classe social, que é criticada, e, por vezes, possui um nome que identifica a função que exerce na comunidade onde vive, ou apelidos cômicos, como acontece com João Grilo, Chico, a mulher do padeiro e todos de Auto da Compadecida; Gil Vicente identifica seus personagens como mercadores, padres, pobres, etc., sempre numa alusão às classes da hierarquização social da era Humanista.
2. Religiosidade: ambos os autores reforçam a manipulação que o clero exerce sobre o povo mais simples, compactuando com os interesses econômicos representados por coronéis, bispos (Ariano Suassuna) e por nobres, ricos (Gil Vicente); as figuras de diabos, anjos, Jesus e Nossa Senhora estarão presentes nas obras dos escritores, com a devida evolução de linguagem no caso dos textos de Suassuna, dentre essas a figura que rouba a cena é a do diabo pela sua força expressiva e sua posição de juiz das almas já que enumera as “falcatruas” dos outros personagens, as personagens são julgadas no céu, onde se encontram o Diabo, Jesus e Maria, enquanto que, no Auto da barca do inferno, o julgamento ocorre em um porto imaginário, mas só o Anjo julga, pois é intermediador entre Deus e as pessoas. As composições de cenário e de personagens juntamente com o desenrolar da história constituem o aspecto popular, moral e religioso-alegórico da obra.
3. Crítica social: os períodos históricos em que os textos são escritos apresentam características semelhantes: grande desnivelamento social, fome, desmandos de poderosos e, em se tratando das obras de Suassuna, há o agravante dos fatores naturais que tornam a vida do sertanejo muito difícil.
4. Ironia: é a grande marca que identifica os autores e é o grande recurso utilizado para elaborar a crítica. Um bom exemplo é a carnavalização que permite a