Murilo ribiao

633 palavras 3 páginas
Primeiro contista do gênero fantástico em nossa literatura, a obra de Murilo Rubião permaneceu desconhecida durante mais de três décadas. Foi com a reedição do livro de contos “O Pirotécnico Zacarias”, em 1974, que Murilo começou a ser lido, tornando-o praticamente um best-seller nacional.
O que causa perplexidade e fascinação nos leitores é que Murilo Rubião impõe o caso irreal como se fosse real. Mário de Andrade, em 1943, já dizia do escritor: “Ele possui o mesmo dom de um Kafka. A gente não se preocupa mais, é preso pelo conto, vai lendo e aceitando o irreal como se fosse real, sem nenhuma reação mais”.

Ele utiliza em sua obra uma linguagem simples, depurada e temas absolutamente inverossímeis. É como o crítico Benedito Nunes, da Revista Colóquio, dizia: “o traço mais relevante da narrativa muriliana é o contraste entre a particular incoerência do discurso narrativo e a particular incoerência da matéria narrada”. Ou seja, os acontecimentos fora do comum que norteiam à narrativa constituem a trama de cada história. Isso nos torna capaz de não nos surpreender com os fatos narrados, tanto é que os personagens encaram a “anormalidade com uma naturalidade fora do comum”.

Jorge Schwartz organizou alguns temas freqüentes que estruturam a obra de Murilo Rubião:

* Inversão da casualidade espaço-temporal: “Mariazinha”, “A Noiva da Casa Azul”, “Epidólia”, “O Bloqueio”.

* Tendência ao infinito: ”A Armadilha”, “Aglaia”, “A Fila”, “Os Comensais”.

* Desaparecimento dos personagens: “Elisa”.

* Metamorfose-zoomorfismo: “O Ex-Mágico, “Teleco, o Coelhinho”, “Os Dragões”.

* Contaminação homem-objetos: “A Lua”, “A Casa do Girassol Vermelho”.

* Contaminação sonho-realidade: “O Lodo”.

A hipérbole é uma técnica narrativa bastante presente nesses temas. No conto “Aglaia”, por exemplo, o casal gera filhos que nasciam com seis, três, dois meses e até dias após a fecundação, mesmo após evitar contato sexual e se esterilizarem.

Uma característica peculiar à

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