Murilo Mendes
Sempre foi um poeta fiel aos seus princípios, sem obedecer rigidamente a nenhum estilo, mesmo tendo sofrido influências do Modernismo. O estranhamento que sua poesia provoca deve-se à linguagem fragmentada, às imagens insólitas, à simbologia própria que apresenta e a visão messiânica do mundo.
Murilo parte do princípio de que o mundo é o próprio caos para poder, a partir daí, recompor a ordem das coisas à sua visa surrealista. Desta forma, é desarticulando a ordem convencional, que o aproxima de Drummond, que o poeta assume o primeiro passo para reconquistar o paraíso perdido que, no dizer de Bosi (1994) “não terá o ar devoto de velhos ritualismos, mas se abre aos olhos do poeta como um universo aquecido pela Graça”.
Sua obra tem sido pouco lida nos últimos anos, mas isso não é motivo para desmerecer sua obra. É devido à difícil leitura, pois sua poesia é fruto das várias experiências do autor: sua conversão ao catolicismo, o surrealismo, a poesia social, o experimentalismo barroco e o neobarroquismo.
Murilo Mendes é “poeta de aderência ao ser, poeta cósmico e social que aceita a fruição dos valores primordiais” (Bosi, 1994:501). Lançou-se na literatura como poeta modernista, publicando inicialmente em revistas paulistas da década de 1920. Sua primeira obra, “Poemas”, só veio a público em 1930. Nela já transparecia traços que marcariam sua poesia futura: “a presença constante de metáforas e símbolos, a dilaceração do eu em conflito, a inclinação ao surrealismo e os contrastes: abstrato/concreto, lucidez/delírio, realidade/mito.
De contato com o Marxismo, escreveu “Bumba meu boi”, obra escrita em 1930, mas