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O longo processo de abandono a que foram submetidas as áreas centrais e pericentrais das cidades brasileiras, produziu um quadro de esvaziamento econômico e populacional com graves conseqüências sobre o tecido urbano e social. Foram suprimidas as condições mínimas necessárias ao estabelecimento da vida urbana, desfazendo o complexo e delicado equilíbrio entre as funções urbanas cotidianas, responsável pelos índices de vitalidade verificados nos tecidos urbanos tradicionais (SANTOS, 1999 e JACOBS, 2000). Trata-se, como se sabe, de um injustificado desperdício dos investimentos coletivos historicamente acumulados nos centros históricos, que se apresentam, invariavelmente, como áreas já dotadas de infraestrutura e importantes vantagens locacionais sobre o conjunto da cidade, em função de constituírem antigas centralidades urbanas.
Entre os fatores que contribuíram de forma decisiva para o esvaziamento da área central no Rio de Janeiro, destacamos: a expansão urbana verificada a partir do século passado em direção aos bairros da Zona Sul (praias litorâneas) e Norte (subúrbios servidos pelos ramais ferroviários) e, mais recentemente, em direção à zona oeste; a consolidação do processo de especialização funcional da área central como centro de comercio e serviços da cidade; a mudança da capital federal para Brasília em 1960 e a fusão dos estados da Guanabara e Rio de Janeiro em 1975, acarretando a perda do capital político e econômico da cidade; a promulgação do Decreto 322, em 1976, que consolidava o zoning funcional através da regulamentação do uso do solo urbano e proibia a função residencial na área central da cidade; e, concomitantemente a tudo isso, a opção pelo transporte motorizado com ênfase no automóvel particular que permitiu o espraiamento da cidade e a dispersão do tecido urbano em direção à zona oeste e à Baixada Fluminense.
Os efeitos deste processo estenderam-se para além dos limites oficiais do bairro central, atingindo áreas