Multinacionais - brasil
Empresas estrangeiras já salvam o déficit internacional do país e ainda podem fazer muito mais pelas exportações. São com elas que Lula deve buscar um pacto pelo crescimento
Redação
Já que virou moda falar em pacto social, idéia do presidente eleito que acredita no poder das negociações para enfrentar os mais difíceis desafios, está faltando chamar para a mesa de conversas um agrupamento de especial importância: as empresas de capital estrangeiro. As multinacionais em bloco são mais importantes para a saída dos impasses econômicos do país até que as empresas genuinamente nacionais.
Dominam os setores mais dinâmicos da economia, pagam os melhores salários, administram as relações trabalhistas mais avançadas e continuam investindo em longo prazo - menos que antes, é verdade, mas mais que o capital nacional e muito mais que o setor público. São os investimentos estrangeiros das multis que tem salvado as cores da bandeira nacional, juntamente com as exportações da agricultura, nestes duros tempos de estiagem da liquidez internacional, com pelo menos US$ 15 bilhões de ingressos este ano - menos da metade do que foi em 2000 mas bem acima do que o cenário internacional poderia indicar.
Mas mesmo cumprindo o que delas se espera as multinacionais com operações no Brasil poderiam fazer mais: contribuir para o aumento das exportações, onde comparecem com pequena expressão. Já em 1980 o banqueiro Olavo Setúbal, então figura de proa do grupo político de Tancredo Neves, propunha a idéia de um pacto entre o governo que seria de Tancredo e as empresas estrangeiras para alavancar o investimento privado no país e criar uma plataforma permanente de exportações de bens de maior valor agregado.
À época, como agora, o país depende mais das exportações de matérias-primas e bens semimanufaturados, que são mais sensíveis aos movimentos do mercado internacional e menos rentáveis. Produtos de maior valor e