Mulheres Em Guerrilha Vers O Final
Alemanha
Em janeiro de 2013, o jornal estadunidense The New York Times divulgou uma matéria que evidencia dados extraídos do Ministério de Família, Idosos, Mulheres e Juventude da
Alemanha: 58% das mulheres deste país relatam ter sido vítimas de assédio sexual – destes, mais de 42% dos casos aconteceram no ambiente de trabalho. Ainda no mesmo artigo, a professora de
Direito Público e Estudos de Gênero da Universidade de Humboldt, Sarah Elsuni, afirma que “o assédio sexual é muito frequentemente visto como uma ofensa trivial, tomado como um mal entendido de uma situação, uma vez que ‘ele foi concebido como um elogio’”.
Como analisado por Elsuni, tais situações não são triviais, muito pelo contrário: evidenciam uma sociedade ainda permeada por uma lógica machista e opressora, apesar de carregar em sua história importantes movimentos de insurgência que questionam a posição das mulheres no meio social e que lutam pela emancipação feminina a partir de seu empoderamento e do fim da opressão. Muitos desses movimentos foram constituídos como contracultura, sendo especialmente fortalecidos como reação ao autoritarismo e à repressão a partir de 1968. No entanto, ainda que insurgente neste período, esta luta não é um fenômeno recente. Durante o século XIX, ao mesmo tempo em que Karl Marx e Friedrich Engels escreviam sobre sua teoria sociológica, a questão do gênero também era inaugurada por mulheres alemãs – de modo que, até mesmo estes duas concepções, se relacionam.
Marx e Engels produziram, portanto, os primeiros trabalhos expressivos de viés marxista a abordar a questão do gênero, delimitando sua origem durante a escravidão, a qual demarcou a formação da propriedade