Mulheres brasileiras ignoram que medicamento deforma feto
Dona Nilza Maria de Andrade, professora do primário em uma escola da rede estadual de Belo Horizonte, Minas Gerais, é um exemplo disso. Sem saber que estava grávida, Dona Nilza foi ao médico porque estava nervosa e queria um calmante. “Tomei menos de dez compridos de Talidomida”, garante e, nove meses depois, deu à luz a Daniel de Andrade dos Santos, hoje com 12 anos, com defeito físico nos braços.
Ignorando os efeitos da Talidomida, Dona Nilza já se preocupava com o Daniel antes do nascimento. “A gestação dele foi diferente. Ele pouco se mexia na minha barriga. Ao nascer, não chorou. Quando perguntei aos médicos se estava tudo bem, eles me disseram que meu filho havia nascido com um sério problema. Ao ver o bebê, fiquei chocada. Senti mal estar. Mas nunca o rejeitei. Achei que meu útero estava cansado, após oito gestações, ou que fosse desejo de Deus me dar um filho assim”, conta.
Além dos braços atrofiados, Daniel nasceu com o céu da boca aberto e com problema pulmonar. Aos 12 anos, completados em abril passado, o menino já fez duas cirurgias plásticas, talvez precise de uma terceira e, contabilizando todas as internações, já passou três anos em hospitais.
“Minha luta com o Daniel é muito grande, tanto do ponto de vista emocional quanto do financeiro”, atesta a mãe, que só descobriu que o filho era mais uma vítima da Talidomida há dois anos, ao ser alertada por uma assistente social.
“Acho um absurdo os médicos não terem me orientado quanto ao motivo real do defeito do meu filho.” A indignação de Dona Nilza faz sentido. Segundo Rosângela Nascimento, presidente da Associação Brasileira das Vítimas da Talidomida (ABVT), a Lei