Muito bom em pessoal
Aldé, há um certo ar de déjà vu. Há muitos momentos que parecem repetir algo, parece que já ouvimos várias daquelas falas, já vimos algumas das imagens, ou já conhecemos os comentários. E é mesmo uma repetição, proposital, pois são imagens de arquivo, e falas e comentários comuns ao tema abordado. Mesmo o que ainda não vimos ou ouvimos nos parece familiar, nos vem à lembrança claramente, isso porque são relatos de fatos recentes da história política do Brasil. Não há originalidade nos fatos que o documentário apresenta, BAGGIO, Eduardo Tulio. Construindo o Poder. Revista Galáxia, São Paulo, n. 21, p. 162-166, jun. 2011. 163 pelo menos não enquanto observados isoladamente, o que o filme traz de original é o percurso e o foco escolhidos, um amálgama de entrevistas, recordações e considerações sobre a vida política brasileira, em especial sobre a condução de campanhas presidenciais e sobre a formação da imagem pública de muitos políticos. Em suma, trata do marketing político brasileiro, com destaque para o período pós-redemocratização.
Como forma de conduzir essa história, foram eleitas estratégias discursivas típicas do cinema documentário, com destaque para as entrevistas com personagens envolvidos diretamente nos fatos, e o uso constante de imagens e áudios de arquivos que remetem aos momentos históricos. Tais estratégias remetem ao estilo de cinema documentário conhecido por “participativo” (NICHOLS, 2005), em que dar voz aos envolvidos na história é um vetor ético fundamental, pois, em certa medida, tira o poder do documentarista enquanto construtor do discurso. Porém, além da crítica tradicional que esse estilo de documentarismo – voltada para a fragilidade do argumento de que apenas mostrar as pessoas falando tornaria o discurso mais próximo da realidade – cabe também ressaltar que a edição extremamente fragmentada e a articulação de falas e materiais de