Muitas vezes
O filme é sobre Richard Phillips (Tom Hanks), experiente capitão naval, cuja função é transportar cargas através de imensos cargueiros pelo mar. Desta vez, a equipe vai levar comida para a Somália, mas logo no começo da viagem, o navio é recebido por piratas. Após uma tentativa frustrada, os invasores voltam e conseguem tomar o navio, tendo com principal alvo, obviamente, o Capitão. Phillips é levado e seu resgate passa a ser não mais a captura de presos, mas uma questão de segurança nacional.
É neste ponto que mencionei a “diferença entre línguas”. Os piratas, somalinos, são negros, pescadores acostumados à invasão de navios americanos que tomam todos os peixes da sua bacia. Estão acostumados, também, aos grandes líderes religiosos que convocam seu povo a se insurgir contra os chamados “invasores” do território. Assim, um povo praticamente sem direitos garantidos, passa de oprimido, de vítima, ao ataque, à vingança, ou simplesmente, a um saqueamento em busca da justiça. Entretanto, essa língua diferente, esse mundo diferente, faz com que, em nenhum momento, os atos desses piratas, pessoas que nunca puderam perceber o mundo em suas nuances e, imersos numa brutalidade trágica, consigam escapar de agirem baseados apenas nas contingências.
Ora, mas se os piratas são incapazes de negociarem, de entenderem o mundo do