Mudanças Climáticas e seus efeitos sobre a mulher em situação de pobreza
Por Edgar Barroso
Há já algum tempo que as mudanças climáticas tem merecido um especial interesse e inserção nos grandes debates globais sobre o desenvolvimento. Com efeito, as mudanças climáticas estão a tornar-se numa das principais ameaças ao desenvolvimento de países pobres, particularmente os situados no continente africano. Segundo um relatório publicado pelo Greenpeace (2005), as principais mudanças climáticas a ocorrer nesses países assentará na “destruição de ecossistemas vitais, com o desaparecimento de uma das mais ricas biodiversidades do mundo”, fazendo com que várias espécies de plantas e animais deixem de existir. Esta constatação ganha contornos mais sombrios para os países costeiros e com a economia basicamente assente na agricultura de subsistência, como é o caso de Moçambique. Ademais, e segundo o Painel Intergovernamental para as Mudanças Climaticas (IPCC), instituição filiada à Organização das Nacoes Unidas, através do relatório sobre a mudança climática global de 2007, até ao ano de 2050 cerca de 20% a 30% de todas as espécies enfrentarão um alto risco de extinção, onde os recifes de corais e os mangais dos mares poderão desaparecer com o aumento do nível do mar.
Com a finalidade de fazer um levantamento em torno do eventual impacto das projecções acima estatuídas, realizei há dias um estudo de campo com um grupo de jornalistas, tendo me dirigido à praia da Costa do Sol, junto ao Bairro dos Pescadores. Ali encontramos um pequeno grupo de pescadores, recolectoras de ameijoas e vendedoras de peixe. Verificamos que a divisão do trabalho é feita em função do género e da idade, sendo a pesca propriamente dita realizada exclusivamente pelos homens, entre os 16 e os 50 anos; as mulheres, maioritariamente mães solteiras, viúvas e, num menor número, esposas dos