mudança sem milagre
At 3,1-10 x Lc 5,17-25
Anderson Otaviano
No relato de atos dos apóstolos, as pessoas que levavam o aleijado até o templo, tinham a intenção de ajudá-lo. Porém, não percebiam que estavam contribuindo com sua paralisia, ou seja, estavam cuidando da sua falta de locomoção (sintoma), mas não estavam resolvendo seu problema (doença). É como tomar remédio para uma dor de cabeça sem saber o motivo da dor, iremos mascará-la com um paliativo, enquanto a verdadeira causa continua obscura. Os problemas do aleijado não se resumiam em ir ao templo esmolar, e sim em não conseguir sustento para a sua sobrevivência, fazendo de sua vida algo sem sentido e digno de pena para os outros.
Outro aspecto a ser visto é a condição em que se coloca o doente. Ao se compadecer dele, os transeuntes, freqüentadores fiéis do templo, lhe entregavam algumas moedas, assim continuava sem muita perspectiva. Como nos diz o texto “todos os dias era deixado à porta do templo”, ele tinha esta rotina, colocando-se como coitado e se acostumando a isso.
Todos que agiam da forma descrita acima são responsáveis por sua condição, pois não se envolviam o suficiente para mudá-la. Não podemos nos anular diante de um “próximo” que sofre, pois se agirmos com indiferença ou contribuir para sua permanência na condição, estaremos nos limitando e, consequentemente, limitando a ação de Deus, que precisa de nós como instrumentos.
Vejamos o exemplo dos apóstolos. Pedro e João não se limitaram em dar uma esmola, mas apresentaram a ele uma perspectiva de vida diferente, usou do poder de Jesus Filho de Deus, porém homem como nós, para dizer a ele “levanta e toma a vida em suas mãos novamente”. Foi como dizer: você precisa sair dessa condição, nós podemos ajudá-lo a caminhar com suas próprias pernas e não mais depender dos outros. Sem se importar no quão custoso seria ajudar esta pessoa, ele se tornaram solidários ao problema e se empenharam em resolvê-lo. Não basta sabermos os problemas dos