moça com brinco de perolas
Reheniglei Rehem2
Os cineastas jamais subestimaram os desafios de trazer às telas um aclamado romance ou um adorado pintor, por exemplo, na pintura, Akira Kurosawa com Van Gogh em Sonhos, Robert Faeuza com Klimt em Jornada da Alma, Alexander Korda com
Rembrandt em Rembrandt. É nessa linha dialógica entre o cinema, a literatura e a pintura que farei a análise comparativa entre o romance Moça com brinco de pérola de Tracy
Chevalier (1999) e o filme homônimo de Peter Weber (2004), ambos adaptações do quadro Moça com brinco de pérola do pintor holandês Johannes Vermeer (XVII). Para essa finalidade darei enfoque ao papel da mulher no contexto histórico e cultural da
Europa daquela época.
Os poucos fatos conhecidos a respeito de Vermeer vêm de documentos legais certidões de casamento e nascimento, contratos de venda e cartas de débito. Nascido em
Delft em 1632, morreu em 1675 aos 43 anos. A cidade em que nasceu estava entre as maiores da Holanda da época. Era pitoresca e calma. Dona de antiga tradição artística,
Delft devia muito de sua prosperidade à produção de um tipo especial de cerâmica esmaltada, à qual emprestou seu nome. A produção de Vermeer foi pequena. Nos poucos quadros hoje reconhecidos como seus, pode-se notar um aperfeiçoamento de estilo e uma técnica inteiramente pessoal, onde ele retratou interiores elegantes e personagens, sobretudo femininos, numa atmosfera calma e de absoluta quietude. Sua obra mostra o seu interesse pela luz, pela ciência e pela intimidade da vida cotidiana.
Trabalhadas em técnica impecável, suas cores fazem as tintas cintilarem em reflexos de luz interior que banham suas figuras. Ao contrário dos pintores da época,
Vermeer recusou-se a pintar paisagens bucólicas ladeadas de vacas holandesas. Depois de ficar dois séculos praticamente esquecido, o seu nome emergiu com a força de uma energia há muito contida. E dado o valor excepcional de sua obra, teve o reconhecimento
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