Movimentos Soias
Os chamados “novos movimentos sociais”, que marcaram fortemente a segunda metade do século XX, trouxeram transformações extremamente significativas, inteiramente inesperadas por quaisquer teorias. Assim, a sociologia foi obrigada a repensar seus conceitos, abandonando alguns e produzindo outros. O presente trabalho questiona se o tradicional paradigma das classes sociais e da luta de classes possibilita uma compreensão teórica e política adequada desses diversos movimentos agrupados sob a mesma denominação. Percorrendo, ainda que superficialmente, a variedade e transformações que a teoria das classes apresenta, conclui-se que ela não é indicada para tal análise, na medida em que escamoteia a especificidade desses movimentos e acaba mesmo por se chocar com diversas de suas reivindicações políticas. Por fim, sugere-se uma nova perspectiva sociológica, que, ao invés de impor seus referenciais teóricos totalizantes aos movimentos sociais, toma a perspectiva particular deste como novo lugar de enunciação e interpretação. Os chamados “novos movimentos sociais” englobam uma enorme diversidade de movimentos, como o feminista, o negro, o gay, o da antipsiquiatria, o estudantil, entre outros. Eles marcaram fortemente a segunda metade do século XX, atingindo seu ápice em maio de 1968, na Europa e Estados Unidos, e chegando com maior intensidade ao Brasil na década de 1980. Esses diferentes movimentos levantaram questões e criaram problemas para os paradigmas tradicionais da sociologia. As transformações extremamente significativas que trouxeram foram inteiramente inesperadas e não estavam previstas por quaisquer teorias. Assim, a sociologia foi obrigada a repensar seus conceitos, abandonando alguns e produzindo outros. Dentre eles, podemos destacar os conceitos de classe e de conflito, os quais serão aqui abordados a partir dos novos movimentos sociais, eixo central da discussão ora proposta.