Movimentos Sociais Urbanos no Brasil
Sobre os recentes movimentos sociais urbanos no
Brasil
Por Mehane Albuquerque Ribeiro em 25/06/2013 na edição 752
O movimento que tem a redução do preço das passagens como principal bandeira, e que eclodiu ontem
(17/6) em onze capitais brasileiras, surpreendeu governos e políticos, mas também deixou a imprensa brasileira perplexa. Apesar de todo o aparato de tecnologia e logística das emissoras de TV para a cobertura ao vivo – e da bravura de seus profissionais de campo –, os telejornais, no calor dos acontecimentos, não conseguiram fazer mais do que mostrar os fatos em sua superficialidade, limitandose, na maioria das vezes, a descrever a imagem captada pelos cinegrafistas nas ruas ou pelo helicóptero de plantão. Faltou um pouco mais de profundidade, especialmente nos noticiários dos canais por assinatura. Faltou um olhar menos descritivo e mais crítico. Faltou coragem e ousadia para comentar o inusitado. Desconhecimento de causa? Despreparo para lidar com um assunto incomum e imprevisível na mesmice de uma realidade a que nos acostumamos?
Uma das análises mais interessantes foi feita por Merval Pereira, na cobertura da Globonews, que, entre outras coisas, citou Manuel Castells, teórico espanhol da comunicação, considerado hoje o “papa” das relações nas redes sociais – o mesmo Castells que há pouco mais de duas décadas pensava e escrevia sobre a questão urbana. A perplexidade generalizada parece ter atingido também os especialistas entrevistados em diferentes canais por assinatura, igualmente pegos de surpresa e talvez sem tempo de pensar direito sobre a causa principal do fenômeno, seus desdobramentos, conexões e consequências.
Senti falta – e imagino que alguns telespectadores mais exigentes também – de ouvir uma opinião mais embasada de cientistas que pesquisam os movimentos sociais urbanos. Alguém que pudesse dar conta de responder às perguntas, além de fazê-las, em lugar dos jornalistas, que não sabiam o que perguntar.
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