Movimentos contemporâneos do controle do crime1
Movimentos contemporâneos do controle do crime1
Vera Regina Pereira de Andrade 2
Decifrar e compreender os movimentos contemporâneos do controle do crime é tarefa, a um só tempo, fundamental e desafiadora, que se inscreve, sem pretensões de exclusividade, no marco da Criminologia assumida como saber crítico do controle penal.
De fato, tal tarefa requer um diálogo densamente transdiciplinar, uma escuta polissêmica ininterrupta ao conjunto de saberes que conjugam esforços para a compreensão das transformações sociais em sentido lato, eis que aqueles guardam com estas uma conexão funcional que lhe imprime sentido e condicona o desenho, interativamente. Destarte, desde há muito a Criminologia deixou de ser uma ciência da criminalidade e de exercer o monopólio do saber solitário sobre ela, para se reconhecer, num esforço compartilhado mais modesto, como uma das Ciências Sociais que concebe a criminalidade como uma construção social resultante da interação continuada entre os processos de definição, seleção e estigmatização realizados pelo controle social formal ou penal (Legislativo-LeiPolícia-Ministério Público-Judiciário- Prisão- ciências criminais-sistema de segurança pública-secretarias e ministérios de justiça,e constelações auxiliares) e o controle social informal (família-escola-universidades-mídia-religião-moral-mercado
de
trabalho-
hospitais-manicômios-internatos - asilos -grupos paramilitares de extermínio-pena privada) e fucionalmente relacionados às estruturas sociais.
Compreender o controle é buscar compreender, portanto, como as sociedades se mantêm e transformam,como constituem a identidade de seus sujeitos (subjetividades), como constróem a linha divisória entre a normalidade e o desvio, a cidadania e a criminalidade, a ordem e a desordem, Ser um(a) criminológico(a) de raiz crítica, é, portanto, escutar as demandas da (des)ordem.
No senso comum do capitalismo globalizado sob a ideologia neoliberal (doravante
CGN),