Morte e luto

1208 palavras 5 páginas
INTRODUÇÃO

Nos dias de hoje, é difícil para a criança compreender a morte como algo natural, pois não lhe é dado o direito de poder conviver com ela dentro de sua própria família. Segundo Ariés (1977), a família foi destituída de seu papel como principal responsável pelo cuidado da saúde de seus membros, em favor da instituição hospitalar, que passou a assumir essa função. Assim, a presença dos familiares em momentos cruciais de mudança familiar tornou-se cada vez menos freqüente e pouco incentivada, principalmente para as crianças, cuja visita a pessoas doentes ou moribundos não é habitualmente permitida nos hospitais, sendo também pouco comum a sua presença em velórios e cemitérios.

Além do mais, os adultos costumam omitir-se frente aos questionamentos próprios da curiosidade infantil, ocultando a verdade, o que dificulta muito a elaboração da perda pela criança. Se o adulto reforça a atitude de negação da morte, ela não consegue progredir para as demais fases do luto e alcançar a aceitação. Torna-se, então, perturbada e frustrada ao perceber que os fatos não têm coerência com o que está sendo informado (Kovács, 1992).

O sentimento de morte para a criança não surge apenas quando ela ocorre de fato, mas em diferentes situações de vida que configuram perdas ou frustração de expectativas, como o brinquedo quebrado ou perdido, a perna imobilizada, o bichinho de estimação que fugiu, a briga com o melhor amigo, a mudança de lar ou a separação dos pais, entre outros (Domingues, 1996).

Ao passar de um estágio de desenvolvimento para outro, além dos ganhos obtidos em relação às novas capacidades adquiridas, ela também se defronta com perdas, configurando-se como mortes simbólicas (Bromberg, 1996; Kovacs, 1996). Contudo, é quando a criança adoece gravemente que o confronto com a morte ocorre de uma forma mais direta. Nesse caso, além do medo da morte, que representa o desconhecido e que, por si só, provoca angústia e sofrimento, ela teme o sofrimento causado

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