Morte trabalho LARA
● Solitário
(Augusto dos Anjos)
Como um fantasma que se refugia
Na solidão da natureza morta,
Por trás dos ermos túmulos, um dia,
Eu fui refugiarme à tua porta! Fazia frio e o frio que fazia
Não era esse que a carne nos contorta...
Cortava assim como em carniçaria
O aço das facas incisivas corta! Mas tu não vieste ver minha Desgraça!
E eu saí, como quem tudo repele,
Velho caixão a carregar destroços Levando apenas na tumba carcaça
O pergaminho singular da pele
E o chocalho fatídico dos ossos !
Perguntas:
1. Pequena explicação da escolha do poema.
2. O porquê ele interessa para os leitores do século XXI.
1.
Pois o poema não fala apenas da morte real, e sim a morte da paixão, um amor que o autor tem pela moça
(a retratada no poema). Que ele fica a sua espera, mas ela nunca vem e uma hora ele vai embora e esse amor morre. E isso é uma coisa muito comum no século XXI, muitos amores não são correspondidos e são perdidos por ai, a escolha foi mais pra aproximar o leitor do século XXI ao do século XIX, que mesmo com a diferença de datas ainda podemos nos conectar.
2.
Por causa do tema, não só no século XIX, mas em todos tem aquela coisa de “amor não correspondido”, aquele amor que morre por falta de reciprocidade. Em especifico o século XXI está cheio disso, milhões de amores que nascem e morrem a cada segundo.
● Psicologia de um vencido
(Augusto dos Anjos)
Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
Ainfluência má dos signos do zodíaco. Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobeme à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco. Já overme este operário das ruínas
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra. Anda a espreitar meus olhos para roêlos,
E há de deixarme apenas os cabelos,
Nafrialidade inorgância da terra!