Morfologia
As unidades gramaticais foram distribuídas em classes de palavras distintas a partir de alguns critérios que são discutidos, desde a antiguidade até hoje. Porém, categorizar não é uma tarefa tão simples, já que uma mesma palavra pode transitar entre duas classes diferentes, portanto o que definirá sua função será o contexto. Do resultado das contribuições de vários estudiosos ao longo dos anos surgiram as classes de palavras hoje conhecidas. A tradição gramatical brasileira apresenta o modelo de classificação de palavras em 10 grupos: substantivo, adjetivo, artigo, pronome, numeral, verbo, advérbio, preposição, conjunção e interjeição.
Essas classificações são baseadas segundo o critério semântico que irá tratar do sentido da classe, morfológico que irá dizer se as palavras condizentes com a classe serão variáveis ou invariáveis, sintático que abordará a função da classe da palavra e, por último, o critério pragmático que informará quais são os fins e a utilização da classe abordada. Os estudiosos usaram esses critérios de avaliação para descrever a estrutura da língua portuguesa.
Porém, resta saber se os gramáticos seguiram os critérios da lógica e da linguística quando formularam as definições. Sendo que o critério da lógica diz que a definição deve explicitar a característica essencial do objeto definido, além de ser clara, objetiva e afirmativa. E o critério da linguística diz que toda definição, obrigatoriamente, deve ser explícita, fornecer elementos necessários à aplicação, ter linguagem adequada ao seu público alvo e descrever fatos reais da língua sem deixar transparecer a opinião pessoal do autor da definição. Como também, se as classificações propostas são justificadas ou só há repetição do que o tradicionalismo ditou.
Segundo Perini, as falhas ocorridas na gramática tradicional são, em geral, na sua inconsistência teórica e falta de coerência interna, no seu caráter predominantemente normativo, e no enfoque centrado no dialeto padrão