MONTEVID U
Enquanto a fama do ‘presidente mais pobre do mundo’ se espalha pelo planeta, no Uruguai, população se divide entre adeptos e
MONTEVIDÉU — Se existisse um ranking de popularidade dos presidentes mundiais, José Mujica certamente estaria na liderança. Um recente artigo do “Observer” explicou como o Reino Unido melhoraria se o presidente uruguaio fosse o primeiro-ministro britânico. A “Economist” escolheu o Uruguai como o país do ano em 2013, e elogiou o “admiravelmente humilde” Mujica. Na Itália, o “la Reppublica” se referiu a ele como “o Mandela sul-americano”, e na última semana, Barack Obama o classificou como “um líder em todo o hemisfério”.
Entre celebridades, movimentos e artistas, o fascínio com “Pepe” é ainda maior. O cineasta Emir Kusturica começou a produção de um documentário sobre “o último herói da política”; uma ONG holandesa e professores da Universidade de Bremen indicaram seu nome para o Prêmio Nobel da Paz, e até mesmo um surpreso Mario Vargas Llosa reconheceu que o Uruguai agora é “um exemplo a ser seguido pelos outros países da América Latina”. O mundo ama Mujica. E os uruguaios? Será que o amam também?
Talvez porque em seu próprio país as virtudes e os defeitos dos políticos sejam mais conhecidos do que no exterior, o ex-tupamaro de 78 anos concentre tantos adeptos quanto desafetos: enquanto metade dos uruguaios se gaba de ter o melhor presidente do mundo, a outra metade se desespera.
— Assim como na Argentina, no Uruguai, a opinião pública a respeito da gestão presidencial está muito politizada: aqueles que se sentem próximos do governo o aprovam. Todos os demais, desaprovam — explica Adriana Raga, diretora da consultora Cifra.
No seu último ano de mandato, Mujica mantém o mesmo patrimônio com que foi foi eleito em 2009, com 48% dos votos. Hoje, segundo a pesquisa mais recente da Cifra, o nível de aprovação de seu governo é de 52%. De acordo com a pesquisa da Equipos Mori, outra consultora, esse número é de 45%.
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