Montesquieu
*A obra de Montesquieu constitui uma conjunção paradoxal:
- entre o tradicional (parece estar em continuidade direta com os ensaístas que o precederam nos comentários sobre os usos e os costumes dos diversos povos) e o novo (com traços do enciclopedismo, várias disciplinas lhe atribuem o caráter de precursor, ora aparecendo como pai da sociologia, ora como inspirador do determinismo geográfico, e quase sempre como aquele que, na ciência política, desenvolveu a teoria dos três poderes).
-dentro da história do pensamento: trata da questão do funcionamento dos regimes políticos numa ótica liberal, problemáticas típicas de um período posterior.
-Ele também é um membro da nobreza que, no entanto, não tem como objeto de reflexão a restauração do poder de sua classe, mas sim como tirar partido de certas características do poder nos regimes monárquicos, para dotar de maior estabilidade os regimes que viriam a resultar das revoluções democráticas.
*Sua preocupação central foi a de compreender, em primeiro lugar, as razões da decadência das monarquias, os conflitos intensos que minaram sua estabilidade, mas também os mecanismos que garantiram por tantos séculos sua estabilidade, e que Montesquieu identifica na noção de moderação. Mas o que seria moderação?
- A moderação é a pedra de toque do funcionamento estável dos governos, e é preciso encontrar os mecanismos que a produziram nos regimes do passado e do presente para propor um regime ideal para o futuro. Essa busca das condições de possibilidade de um regime estável, busca que aponta para os mecanismos da moderação, está presente em dois aspectos da obra de Montesquieu: a tipologia dos governos (ou a teoria dos princípios e da natureza dos regimes) e a teoria dos três poderes (ou teoria da separação dos poderes).
* Aspecto metodológico essencial: o conceito de lei
- Montesquieu contribuiu para a adoção do conceito de lei científica para as ciências humanas.
-Até