MONTESQUIEU
B → ¬A (se os negros são homens, então não somos cristãos)
Porém, a religião era muito preeminente para as pessoas naquela época, então os escravagistas afirmavam serem cristãos; nota-se que para isso, ocorre a afirmação do contrário do consequente da primeira premissa:
A (nós somos cristãos)
Desse modo, conclui-se que:
¬B (os negros não são homens)
Montesquieu, por sua vez, refuta tal argumento: uma vez que, no raciocínio dos escravagistas, há a repetição da consequência da 1ª premissa na segunda premissa de forma afirmativa, a conclusão enseja o restante, ou seja, a causa de modo negativo. Por outro lado, Montesquieu fez o oposto, repetindo a causa na segunda premissa e concluindo com a consequência, sem modificá-las:
B → ¬A (se os negros são homens, então não somos cristãos)
B (os negros são homens)
¬A (nós não somos cristãos)
Nisso, entra a crítica feita por Oswald Ducrot em “Montesquieu e a
Escravidão”, visto que Montesquieu não refutou o argumento dos escravagistas, apenas o confirmou, não houve discussão das premissas para avaliar o fundamento do silogismo. Por admitir um grau de relativismo dado à condição, o raciocínio de
Montesquieu torna-se frágil diante do pensamento dos escravagistas, que absolutizam a consequência, certa e determinada, afirmando a causa. Embora isso enfraqueça o argumento de Montesquieu, ele pode ser verdadeiro.
Isso porque a refutação de Montesquieu consistia basicamente em insurgir contra a Igreja Católica, declarando ser a escravidão uma instituição incompatível com a moral e, portanto, uma violação do direito natural, contrária ao espírito da monarquia, incoerente com o direito civil, inconciliável com o cristianismo e com um rendimento inferior ao do trabalho livre.
Para que seu argumento fosse mais impositivo, e que houvesse