MONTESQUIE
Grandeza e Decadência dos Romanos, por Montesquieu
Pode-se dizer que Roma obteve seu declínio a partir de sua própria expansão. Durante o período que os romanos se limitavam a habitar a península itálica e seus arredores, o exército era especificamente composto por cidadãos comuns que tinham participação política. À medida que Roma estendeu suas legiões para conquistar regiões antes habitadas por povos inimigos, foram distanciando-se tanto geograficamente, quanto ideologicamente da República. Os membros integrantes do exército passaram a reconhecer como seus líderes os generais que foram bem sucedidos em batalhas, estratificando a unidade romana. Com o tempo, novos povos se aglomeraram ao seu domínio. Inicialmente para os cidadãos, não havia muita diferença entre antes e durante a dominação, seus costumes permaneceram os mesmos. Entretanto, quando o direito de burguesia romana se transformou no direito de soberania universal, os povos da Itália resolveram adquirir tal posição. No entanto, como o requisito não foi cedido através de sua solicitação, a opção escolhida foram as revoltas. Para cessar o embate entre os próprios cidadãos romanos, foram dispensados gradualmente os direitos requeridos. Porém, a experiência da guerra civil desconstruiu a centralidade ideológica romana de liberdade e sobre sua participação política. Passaram a enxergar seus próximos como povos diferentes, com costumes e crenças divergentes, perderam seu patriotismo. As eleições passaram a ser marcadas por fraudes e conturbações. Enquanto seus guerreiros se mostravam fortes no exterior, Roma se destruía por dentro através de guerras civis e revoltas. Roma se orgulhava pelo seu ideal de liberdade e por ter conseguido avançar tanto seguindo tal conceito. No entanto, segundo Montesquieu, quando o Estado que segue tal modelo encontra dificuldades em mantê-lo, a alternativa era optar pela perda da liberdade. Não obstante, em um sistema autoritário não há a liberdade a ser