Modernidade e pós-modernidade no poema explicação de carlos drummond de andrade
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LITERATURA BRASILEIRA 1. Professor: Antonio Carlos Villaça. TRABALHO FINAL. TEMA: Modernidade e pós-modernidade no poema Explicação de Carlos Drummond de Andrade. “Só como fenômeno estético podem a existência e o mundo justificar-se eternamente”.1 Introdução. Se, como o disse John Gledson, Alguma Poesia é a contribuição de Carlos Drummond de Andrade ao movimento modernista de 20, Explicação é a síntese de tal contribuição. Com efeito, neste poema se aglutinam os temas mais importantes da semana de 22: a liberdade de expressão que abre caminho para o poeta utilizar expressões estrangeiras como ‘Hoot Gibson’, ‘Sweet home’ e ‘gauche’ em sua poesia; o nacionalismo crítico de origem Romântica que, como diz Antonio Cândido, “...como em todos os países empenhados na independência política, (e cultural) foi no Brasil um vigoroso esforço de afirmação nacional”2; e, como não poderia deixar de ser, a crítica às tradições sentimentalistas e européias. No entanto, a contribuição de Drummond não é um hino de louvor ao movimento modernista. Ao contrário, e é isto que pretendo defender em tal trabalho, é uma contribuição crítica que coloca em questão os ganhos e conscientiza-se das perdas do movimento de 22, sem, no entanto, negá-lo reacionariamente. Talvez esta seja mais uma das inquietudes da poesia de Drummond, mas ao que parece essa interpretação se torna mais consistente se observamos que em Drummond há uma radicalização do modernismo concomitantemente a uma conscientização de seus efeitos e pressupostos. Isto se torna claro se observamos que, a crítica modernista dos valores eternos não aponta, em Drummond, simplesmente para os valores passados e estrangeiros, mas dirige-se também,
Nietzsche Friedrich. O Nascimento da Tragédia, ou Helenismo e Pessimismo, Tradução J. Guinburg. Companhia das Letras 2000, p. 47. 2 Candido, Antonio. Literatura e Sociedade, Companhia Editorial Nacional, 1980, p.116. (adições minhas)
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com fúria destruidora, ao próprio poeta, ao próprio