Modelos experimentais de esquizofrenia - uma revisão
Experimental models of schizophrenia - a review
João Vinícius Salgado,1 Luiz Alberto Hetem,2 Guy Sandner3
1 - Hospital de Ensino Instituto Raul Soares, Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (FHEMIG), Belo Horizonte (MG), Brasil
2 - Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo (USP), Ribeirão Preto (SP), Brasil
3 - Laboratoire de Psychophathologie et Pharmacologie de la Cognition, Université Louis Pasteur de Strasbourg I (ULP) pdf Introdução
Modelo de doença é qualquer preparação experimental desenvolvida para estudar quaisquer aspectos de determinada doença, inclusive métodos terapêuticos.1 O modelo pode ser desenvolvido em indivíduos humanos, em animais de laboratório ou mesmo em culturas de células e até em simulações matemáticas no computador. Os modelos apropriados a doenças mentais se distinguem, contudo, daqueles referentes à fisiopatologia somática. Nos modelos de doenças somáticas, os efeitos produzidos, em geral, se parecem bastante com aqueles da doença humana. A destruição de células secretoras de insulina em animais, por exemplo, resulta em quadro bastante análogo à diabetes humana. Nos modelos de doenças mentais, por outro lado, o efeito produzido lembra apenas de modo distante ou de maneira indireta o que acontece no indivíduo humano. Isso ocorre por, pelo menos, duas razões: 1) nestes modelos se procura simular a psicopatologia e fenômenos associados a ela, o que envolve determinados fenômenos situados aquém da expressão de sintomas (por exemplo, a configuração introspectiva de determinado distúrbio cognitivo pode ou não resultar em certa construção mental aberrante, que denominamos delírio); 2) o encéfalo procura contornar prejuízos cognitivos ou de outra atividade mental, lançando mão de compensações funcionais. O fenômeno da compensação, embora ocorra na fisiologia somática, é muito mais sofisticado e de difícil compreensão no encéfalo.
Pelo exposto, observa-se que a