Watchmen: deus existe, mas é americano
Um deus azul, onisciente, onipotente e onipresente vive entre os humanos desde os anos 60. Essa figura divina, chamada de Dr. Manhattan – nome inspirado no projeto que levou à construção da primeira série de bombas atômicas americanas –, com sua capacidade de manipular a matéria, se teletransportar e vencer guerras está ao lado dos valores e do povo dos Estados Unidos.
Dr Manhattan
Reprodução / DC Comics
Dr. Manhattan: um deus vivendo entre os humanos
Graças a ele, o país saiu vitorioso na Guerra do Vietnã e se mantém à frente na Guerra Fria. No equilíbrio entre as duas superpotências do pós-Segunda Guerra, Dr. Manhattan é um fator de desequilíbrio a favor dos americanos. Desequilíbrio que faz a União Soviética produzir e armazenar armas nucleares com capacidade de destruir várias vezes o planeta. Sua existência, ao contrário do que imaginavam os estrategistas militares norte-americanos, aumenta a tensão da Guerra Fria. Com ele por perto, o Relógio do Juízo Final marca cinco minutos para a meia-noite, hora que representa a destruição nuclear e o aniquilamento da vida como a conhecemos.
Dr Manhattan
Reprodução / DC Comics
Nessa atmosfera de um iminente conflito devastador, apesar de seus super poderes, Dr. Manhattan representa o espírito humano. Sua capacidade de manipular o universo a sua volta não o impede de questionar o sentido de sua própria existência. Seu corpo indestrutível e sua onipotência não são suficientes para afastar de sua mente as dúvidas, incertezas e muitos dos sentimentos que expõem a fragilidade do ser humano. No seu exílio, uma figura triste e azul na imensidão do planeta vermelho reflete sobre os acasos do destino e sobre o sentido e a força que mantêm o Universo em movimento.
Aliás, é a relação do destino e das escolhas feitas pela humanidade uma das metáforas essenciais retratadas na existência do Dr. Manhattan. Dois aspectos dessa relação se destacam na sua trajetória. O primeiro é a