Moda
As novas coleções européias rendem-se às flores, uma paixão de Lacroix. Para o estilista, sem elas a moda não existiria.
Adesivos, hologramas, amoras maduras, jogos americanos com motivos do campo, repetições florais, brotos e botões de todo tipo e fabulosos. O próximo verão será um verdadeira batalha de flores, como nos idos tempos do carnaval de Nice. As Cléo de Mérode e outras Liane de Pougy, elas mesmas repletas de penachos e guirlandas, irão bombardear com uma chuva de cravos e mimosas os senhores exaltados. Por hora, algumas acolhem esse oráculo das passarelas com tremores vestais, enquanto outras já tem vertigens, com enjôo de estômago. Quanto a mim Lacroix, ficarei radiante, apesar de já ser um pouco jardineiro, mesmo a contragosto. Há vinte anos, jogaram um avental de patchwork por cima da minha jaquetinha de toureiro esfolada e soltinha. E olhem que nem tenho o dedo verde.
Na verdade, há tantas variedades de flores quanto de horticultores. Há as inglesas tímidas, um tanto econômicas e old-fashioned, dos protetores para bules de chá e dos jardins de igreja. Há as ingênuas, as Martine, as Poiret e suas primas orientalistas, as Sherazade, as Butterfly e outras Turandot. Há as miniaturas persas, porcelanas velhas e coleções de gravuras de plantas, dos tempos de solteira, mobilizando-se para fabricar indestrutíveis aventais de trabalho, flores e blusas de escultor inspiradas no “uniforme de intelectual”. De Vita Sackeville-West a laura Ashley, passando pelas heroínas de Jane Austin e das irmãs Brontë, da top model Twiggy à Shrimp, as flores agradam como nunca.
Sempre arty british, mas mais perversas, à Lewis Carrol e Arthur Rackham, existem flores fumadoras e fumantes: papoulas persas ou tuberosas venenosas. São estas que nos contam histórias engraçadas e lendas, as de Miuccia Prada e Tsumori Chisato.
Do fim do século XIX ao início do século XX, palácios e pavilhões eram ricos em coleções de flores – aquelas