Moda Lolita e a Busca Por Uma Identidade no Mundo Moderno
Introdução
É inegável a importância do estudo da moda como reflexo da sociedade de cada período, como representação de seus valores, personalidade e cultura. Dentro do contexto social, ocorrem diversos movimentos caracterizados por indumentárias e comportamentos específicos, representando, desta forma, diferentes tribos. Ao redor do mundo, podem ser citadas como tribos urbanas mais populares os punks, os góticos, os metaleiros, os hippies, os skatistas, os emos, entre inúmeros outros.
Entretanto, no Japão, país asiático com população estimada em torno de 128 milhões de pessoas, podem ser encontradas tribos urbanas específicas, surgidas no próprio país. Dentre estas tribos locais, muitas tornaram-se conhecidas ao redor do mundo, conquistando adeptos em diferentes países, inclusive no Brasil.
É o caso do estilo Visual Kei (criado pelos roqueiros japoneses, chamados j-rockers), do Gyaru (estilo usado pelas “patricinhas” japonesas), Ganguro (estilo extravagante usado por meninas com aparência super-bronzeada e cabelos loiros), e Lolita, entre outros. Este último foi o objeto de pesquisa deste trabalho, escolhido por representar uma estética bastante curiosa, remetendo, aparentemente, às modas utilizadas em séculos passados.
A Moda Lolita, nasceu entre as décadas de 70 e 80 na rua Harajuku em Tóquio conhecida por ser um cenário de exibição da moda de rua japonesa. Se baseia principalmente nas eras Vitoriana e Rococó, com seu visual anacrônico cheio de babados, rendas e onde anáguas – peça fora do guarda-roupa feminino desde os anos 60 – de várias camadas são imprescindíveis, exemplo vivo da metáfora de Nietzsche que diz que um tipo de mentalidade moderna se dedica à paródia do passado: “precisa da história porque a vê como uma espécie de guarda-roupa aonde todas as fantasias estão guardadas. Ele repara que nenhuma realmente lhe serve” e que Berman completa: “nem primitiva, nem