Mitologia

1. INTRODUÇÃO Designa-se normalmente por Mitologia um conjunto de práticas narrativas de tradição oral que transmite um conteúdo objecto de crença. Para os gregos, a narração mítica era considerada uma ciência, e que explicava tanto as forças da natureza como os desejos humanos. Nas fronteiras do pensamento grego a mitologia está a favor da filosofia, que emerge como condição prévia da reflexão ciêntífica, assim como para uma prática artística na forma de narratividade. Em uma história genealógica que vai dos gregos até Lévi-Strauss (e, reciprocamente de Lévi-Strauss aos gregos), a configuração da mitologia decide-se, essencialmente, em duas etapas: no século XIX quando instaura-se um novo saber que é intitulada explicitamente em Ciência da Mitologia, e na outra extremidade quando Platão constroe uma noção inédita de mythos, embora a sua prática narrativa seja tão ancestral que torna-se difícil encaixá-la em uma linha do tempo. Desde que surgiu a denominação de mythos na Grécia antiga, seu conceito foi vagando entre muitas áreas do conhecimento. Tal caminho tem sua justificação pois a mitologia tem um aspecto universal que abrange religião, filosofia, arte, literatura, psicologia, entre outros. Tão distantes no tempo, gregos e linguístas dividem a ideia de que a análise dos mitos desdobra-se no espaço desenhado de uma ciência e não apenas no campo de uma ficção livre. Embora nesse meio tempo alguns dos movimentos literários terem considerado o mito como a primeira forma de experiência do espírito humano e terem se inspirado em suas metáforas, foi no campo da Linguística que se legitimou o estudo mais aprofundado das estruturas do mito com a afirmação de Lévi-Strauss que mito é uma linguagem (Anthropologie Structurale, 1958, pag 236). Tanto ontem como hoje, sugere-se que os motivos míticos sejam reveladores de um inconsciente coletivo, salvo este conceito provir de descobertas no campo da psicanálise apenas no século XX, o pensamento grego também o