Mito da carvena

Neste último final de semana assisti o filme “Ensaio sobre a cegueira”/Festival de Cannes 2008 – Filme baseado no livro do escritor José Saramago -, esse conta a história de uma epidemia de cegueira, inexplicável, que se alastra sobre uma cidade inteira, essa manifesta-se inicialmente em um homem no trânsito, lentamente espalha-se pelo país.

Aos poucos, todos acabam cegos e reduzidos a apenas seres lutando por suas necessidades básicas, e guiados pelos seus instintos primários. À medida que os afetados por esta epidemia são colocados em quarentena e os serviços de Estado começam a falhar, a trama segue a mulher de um médico, a saída está nela, que não é afetada pela doença.

Quando se confinam pessoas com escassez de alimentos, no filme, estas passam a serem guiadas por seus instintos ou pelo “ID” segundo Freud, a partir daí começam os conflitos de interesses, pois todos querem defender suas integridades. O médico casado com a mulher que não foi afetada, inicialmente se propõe a comandar o grupo, tentando fazer negociações firmadas entre eles.

“Tomas Hobbes no livro “Leviatã”, defende a idéia que a organização entre os seres humanos, só surgiu depois de um contrato firmado pelos mesmos. Antes todos viviam em estado de guerra de todos contra todos, sem poder ou organização.”.

O problema é que um dos confinados não aceitou as regras do médico, disse ele: “Aqui é uma monarquia e sou eu o Rei”. Com o uso de uma arma, impõem as regras juntamente com seus comparsas. Nesse momento podemos pensar sobre a Teoria da violência, que considera a origem do Estado nascido da violência e da força, Bodin (filósofo) acreditava que o Estado ou nasce da convenção ou da violência dos mais fortes. Assim, também podemos pensar em uma espécie de Darwinismo científico, onde a sociedade é o produto da luta pela sobrevivência dos mais adaptáveis.

O filme por determinado tempo se passa nessa espécie de imposição das decisões pelo uso da força. Até que a esposa do médico mata o