Missionação e colonização no Brasil
A colonização do Brasil foi um processo lento. Tendo sido oficialmente descoberto em 1500, a colonização só teve início 30 anos depois - antes só foram enviadas expedições de reconhecimento litoral e de construção de feitorias para comércio de pau-brasil. Esta colonização visava a protecção territorial contra a cobiça de outras nações. Assim, D. João III ordena a construção de colónias ao longo do litoral e a exploração dos recursos junto à costa, ficando nesta altura a exploração geográfica e comercial do interior para 2º plano, pois a maior parte dos recursos logísticos disponíveis são canalizados para as Índias, cuja rota comercial enche os cofres da Coroa.
A colonização da Terra de Vera Cruz vai evoluindo paulatinamente, e no final do século XVI encontramos já engenhos de açúcar no nordeste do Brasil, construídos sobretudo por iniciativa privada.
Mas foi com a perda de importância da Índia Portuguesa - «enquanto se davam sucessivos recuos no Índico» - que as atenções se voltam para o Brasil, terra de enorme potencial.
A Carreira da Índia possibilitou o afluxo de especiarias à Europa. Esse comércio foi assegurado por uma política de domínio territorial de pontos estratégicos e de acordos politico-comerciais com reinos/governantes locais, constituindo-se assim o Estado da Índia. Os lucros fabulosos das especiarias atraíram os olhares de outras nações europeias, nomeadamente Inglaterra e Holanda, que começaram a fazer concorrência a Portugal. O período de 1580-1640, em que Portugal é governado a partir de Espanha, inimiga de Inglaterra e Holanda, dá a estes o pretexto para atacar a Carreira das Índias e conquistar territórios portugueses na Índia.
Com a perda da hegemonia naval e de localidades estratégica e economicamente importantes (como Chale – 1603, Ormuz – 1622, Malaca – 1641, ou Cananor e Cochim – 1663), o Estado da Índia passou a ser um conjunto desagregado de territórios com laços politico-administrativos muito ténues entre si.