Milton Santos
Luís Carlos Lopes é professor do Instituto de Artes e Comunicação Social da Universidade Federal Fluminese (UFF).
O atual ideário ‘oficial’ da globalização em nada mudou a essência dos velhos pressupostos das relações entre as metrópoles e suas colônias, e simplesmente amalgamou antigas práticas. Que dizer do fato de haver 500 cópias do Código Da Vinci sendo exibidas em 500 dos 2.000 cinemas brasileiros?
Luís Carlos Lopes
A globalização é um termo nada consensual. Os franceses, por exemplo, o rejeitam, preferindo usar o sinônimo mundialização. Na verdade, esta escolha semântica pouco muda, porque a troca de vocábulos não é capaz de contribuir para que se deslindem os enigmas econômicos-políticos de nosso tempo. O que é ainda menos consensual são os significados histórico-politicos dos dois termos.
As grandes mídias tendem a reproduzir a idéia de que as relações internacionais globalizadas, tal como hoje estão construídas, são aspectos positivos de um destino promissor. Nada poderia ser feito para mudar isto. Resistir à globalização seria fazer rodar a história em direção contrária ao tão decantado e desgastado ideal de progresso. Os grandes veículos destacam o que consideram como necessidades para todos, mesmo que estas, de fato, atendam minúsculas parcelas do tecido social daqui e dos países mais ricos.
Curiosamente, nestes países, a reação aos pressupostos da globalização é mais vigorosa. Nos Estados Unidos e na Europa ocidental, inúmeros movimentos, sobretudo juvenis, têm ido às ruas protestar contra as políticas externas dos seus países, em muitos casos, na defesa dos interesses das populações pobres dos países em posição subalterna. Em Seattle, Gênova e Paris, a crítica, a organização e a mobilização contra a globalização foram, até o momento, maiores do que na maioria dos países do chamado Terceiro Mundo. Na América Latina, ainda pouco se vê, com exceção do Fórum Social Mundial, dos