milton santos
O mundo global visto do lado de cá
O espaço geográfico é sim universal e as redes técnicas permitem, cada vez mais, a dissolução de ideias, pessoas e mercadorias, como processos simultâneos e abrangentes. A circulação de informação virtual e do capital financeiro no mundo são exemplos dessa nova dinâmica mundial. Mas essas mesmas redes são extremamente seletivas. São ancoradas nas sedes de grandes corporações e conectam certos mercados produtores e consumidores com grande eficiência e velocidade, deixando à margem aqueles com menor poder de compra. Por essa mesma razão, ao contrário de dissolver territórios, as redes constituem e formalizam novos territórios. São criados nesse processo, os lugares de inclusão e de exclusão, de concentração de renda e tecnologia, do consumo básico e do consumo caro e sofisticado. Os novos territórios são resultados desse espalhamento incompleto, ou da globalização que exclui.
A descaracterização dos movimentos sociais reivindicatórios, sendo muitas vezes considerados como violência e perturbação da ordem pública, por ter uma “ética” diferente da “ética dos poderosos” e a banalização das revoluções que almejam uma “globalização solidária”. Há de se frisar que, mesmo sendo muitas vezes incapaz de executar ações eficazes de igualdade humana, é o Estado que detém do poder transformador através “do exercício da política”, englobando todos sob sua tutela. “O Estado se torna cada vez mais indispensável”, para minimizar as desigualdades, sendo assim “um Estado socializante”.
Entretanto, muito mais que avalia apenas sobre os efeitos maléficos da globalização, Milton Santos chama a atenção para as possibilidades de resgate em tempos conturbados. A informação, unida à educação pode ser uma arma contra a opressão global. As partes oprimidas também podem tirar proveito dessas circunstâncias. A inclusão e o acesso às novas tecnologias como a internet, ou a divulgação das ideias, podem ser