Milagre grego
Henrique Nascimento
Milagre grego
Do mito à filosofia
Santa Luz – Bahia
2013
Chamou-se “o milagre grego”, com pleno direito, a essa criação efetuada pela inteligência helénica: criação de uma ciência e de uma filosofia que não são unicamente ciência e filosofia grega, mas a ciência e a filosofia em geral, cuja ideia, orientação e metodologia permanecem em toda a ciência e filosofia posterior, inspirando-a e dirigindo-a. Os primeiros passos da civilização grega foram dados exatamente nas colónias da Ásia menor, onde o contato direto e indireto com os povos mais adiantados do Oriente estimulou as energias criadoras do génio helénico, que logo afirmaram o seu poder maravilhoso, superando rapidamente toda a criação das culturas predecessoras. O nascimento da filosofia aparece de duas grandes transformações mentais: um pensamento positivo, excluindo qualquer força de sobrenatural e rejeitando a assimilação implícita estabelecida pelo mito entre fenómenos físicos e agentes divinos; um pensamento abstrato, despojando a realidade dessa força de mudança que lhe conferia o mito. Os historiadores dividem habitualmente a filosofia dos Gregos em três períodos: o período cosmológico, que vai de cerca de 600 ac a cerca de 450 ac; o período antropológico (prático) que preenche a Segunda metade do século V, aproximadamente (450 ac -400ac), e o período sistemático, que contem o desenvolvimento dos três grandes sistemas da ciência grega, os de Demócrito, de Platão e de Aristóteles (400 ac -322 ac). É no período cosmológico que se situa a escola de Mileto (TALES (624-548 AC), ANAXIMANDRO (611-547 AC), ANAXIMENES (585-528 ou 533-499)), os Pitagóricos e a escola de Eleia. O conhecimento dos gregos assentou nos conhecimentos matemático-geométricos dos egípcios e nos conhecimentos astronómicos dos povos da babilónia. Tanto quanto se sabe, a matemática egípcia consistia primordialmente no conhecimento de