Miguel de Cervantes
De sua infância, sabe-se que foi bastante atribulada, Seu pai, Rodrigo, era médico-cirurgião, profissão, na época, desvalorizada, inferior à do médico. A cirurgia consistia na arte ou ciência de curar ferimentos ou chagas, abrir tumores, cauterizar e cortar as partes do corpo que precisavam ser curadas. Casou-se em 1542 com Leonor Corintas, que vinha de uma família de proprietários rurais, Tiveram cinco filhos: Andrés, que morreu ao nascer, Andréa, Luisa, Miguel e Rodrigo, três anos mais novos que o futuro escritor.
A família vivia na corda bamba, mudando-se varias vezes a procura de melhores condições de vida. Com essas mudanças, vieram também as prisões sucessivas do pai, motivadas por dividas financeiras. E cada vez que pagavam fiança, mais apertados ficavam. Eles passaram por Valladoid , Córdoba, Sevilha e Madri. Seus biógrafos sempre lembram que existem poucas informações sobre a formação de Miguel. Quando passaram por Córdoba, talvez ele tenha estudado num colégio de jesuítas. Mas sabe-se que, como seu Dom Quixote, ele adorava ler, até mesmos “papeis rasgados na rua”.
Em 1566, instalam-se em Madri, que pouco antes tornara-se sede da monarquia. A cidade tinha sido, no passado, praça-forte “que servia de posto avançado da Espanha cristã”,como conta Canavaggio: “viveu sua primeira expansão no séc XV, quando os Reis Católicos nela estabeleceram sua chancelaria por algum tempo. Ofuscada no reinado de Carlos V por Toledo e Valladolid, mais dinâmicas e populosas, deve, de fato, sua elevação a capital a sua situação geográfica, pois de lá Filipe II poderá acompanhar de perto as