Miguel de cervantes
No século XVI a Espanha ditava para o mundo como devia ser a cultura. De lá saíam as novas formas de literatura, a arquitetura das igrejas, os novos caminhos da pintura. Tinha universidades famosas que atraiam toda a Europa, e uma corte cheia de brilho, frequentada por grandes artistas e intelectuais. Ao mesmo tempo, a Espanha era um país rico e poderoso. Para lá iam todo o ouro e a prata retirada das civilizações indígenas americanas recém-dominadas e a mão do rei se estendia pelo Caribe, pelas Américas e outros continentes e ilhas.
Foi nessa época, marcada por requintadas formas de arte e sangrentas guerras e conquistas, que nasceu Miguel de Cervantes Saavedra, na cidade de Alcalá, em 1547. Filho de um cirurgião que se apresentava como nobre e de mãe de origem judia convertida ao cristianismo, pouco se sabe de sua infância. Escreveu quatro poemas que foram publicados por seu mestre e isto marcou seu "début" literário. Saiu intempestivamente de Madri para Roma e lá ficou por vários meses.
Em 1574, lutou na Batalha de Lepanto, onde foi ferido na mão esquerda por um tiro de espingarda. No ano seguinte, tomou parte na campanha da Áustria em Navarino, Corfu e Tunísia. Voltando para a Espanha por mar, foi aprisionado por corsários algerianos. Ficou preso como escravo na Algeria por cinco anos. Conseguiu escapar e voltar para Madri em 1585. Nesse mesmo ano casou-se com Catalina de Salazar, 22 anos mais moça do que ele. Publicou então La Galatea, novela pastoral. Dois anos depois, partiu para Andaluzia por onde andou por dez anos, como fornecedor da Armada Invencível e como cobrador de impostos.
Em 1597 foi para a cadeia em Sevilha por causa de problemas financeiros com o governo. Em 1605, já estava em Valladolid, então com um posto no governo, quando começou em Madri a primeira parte do Don Quixote. Voltava assim para o mundo literário.
Nos últimos nove anos de sua vida, apesar das mortes em família e de problemas pessoais, Cervantes