Micro-história italiana

Compreender a historicidade da micro-história é adentrar outras temporalidades e perceber o próprio debate historiográfico que ganhou fôlego na década de 1970 com a “crise dos paradigmas” da história, onde várias formas de escrita tiveram seus métodos criticados. Na busca por novas proposições teóricas, diálogos e métodos para a disciplina, uma corrente historiográfica situada na Itália na virada da década de 60 para 70 ganhou destaque - era a micro-história. Um dos métodos propostos pelo grupo italiano era a redução na escala de observação para analisar aspectos e sujeitos sociais antes negligenciados pelas análises globalizantes. O livro do historiador Henrique Espada Lima intitulado “A micro-história italiana: escalas, indícios e singularidades” é essencial para entendermos a maneira peculiar de se escrever e indagar a história que estes italianos desenvolveram. Em 2004, na cidade de Bolonha, Carlo Ginzburg, um dos maiores expoentes da micro-história no mundo escrevia o prefácio desse livro e dizia que em meados da década de 1970, um grupo de historiadores italianos pertencentes entre a mesma geração, entre os 30 e 40 anos, deu vida a um projeto comum que, depois de algum tempo, toma o nome de micro-história. Continua as considerações e tece alguns comentários a mais sobre a proposta do grupo: “Em geral, a consciência da escala de observação, que considero o núcleo central da micro-história me parece irreversível. A partir daí, como disse outras vezes, um modo diferente de se colocar em relação aos próprios leitores, de justificar o tema, de provar as próprias afirmações, de narrar (...) foram as discussões sobre a micro-história que me fizeram entender toda a importância daquilo que era posto em jogo”.

A intenção da obra de Henrique Espada é ir além dos rótulos e tentar descobrir o que eles contêm (ou escondem) no debate intelectual no calor do qual são produzidos. Os levantamentos teóricos que Henrique se refere tem seu início nos anos 1970 e