Michel foucault - vigiar e punir
CONCLUSÃO: O sofrimento físico, a dor não são mais os elementos constitutivos da pena. Ao contrário, o condenado tem todo um “suporte” para que ele sinta-se bem. E até mesmo na hora da execução, aplica-se nele tranqüilizantes para que ele não sofra, não sinta-se mal, e nem sinta dor.
“Para todos uma mesma morte, sem que ela tenha que ostentar a marca específica do crime ou o estatuto social do criminoso; morte que dura apenas um instante, e nenhum furor há de multiplicá-la antecipadamente ou prolongá-la sobre o cadáver , uma execução que atinja a vida mais do que o corpo. Não mais aqueles longos processos em que a morte é ao mesmo tempo retardada por interrupções calculadas e multiplicada por uma serie de ataques sucessivos. Não mais aquelas combinações quer eram levadas a espetáculo para matar os rigicidas, ou como aquela com que sonhava, no começo do século XVIII, o autor de Hanging not Punishment Enough, e que teria permitido arrebentar um condenado sobre a roda, depois açoitá-lo até a perda dos sentidos, em seguida suspendê-lo com correntes, antes de deixá-lo morrer lentamente com fome. Não mais