Micas e a Infinita Estrada Azul
Registro FBN: 463.170 – Livro: 871 – Folha: 388
por M FÁTIMA M M
Micas e a Infinita Estrada Azul
O mundo dos gatos dançarinos
Pequenos sacos plásticos amarrados nas patas traseiras e dianteiras.
Metade de uma bola de borracha presa à cabeça. Guardanapos que cobrem o dorso.
Os dois bichanos estão com os olhos arregalados e fazem de tudo para arrancar aqueles objetos. Não entendem por que precisam participar daquelas invencionices.
É difícil mantê-los vestidos, mas é preciso. A qualquer momento chegará o público para ouvir as aventuras sobre o menino que viaja pela Infinita Estrada Azul. O combinado é que, durante uma semana, uma história por dia seja contada e representada. Neste dia, os gatos são os coadjuvantes da vez.
O garoto que inventa histórias e transforma o que estiver por perto em personagem é filho de Deleide, que participa dos eventos com alegria ao distribuir refrescos, pipocas, além de emprestar os objetos para a contação das histórias.
Nesse momento, inclusive, Deleide está preocupada com a agonia dos bichos, que começam a miar e a enfiar as unhas em Luma, o filho mais novo.
A campainha toca e o primeiro convidado chega. Godofrina. A menina tem olhos muito separados, boca grande e uma pele que permite ver todas as veias. O apelido na escola a persegue: Cara de Lagartixa. A mãe da garota cumprimenta
Deleide e pede que ligue quando a brincadeira terminar. Assim que a menina entra no quarto do filho, mais gente chega. Os irmãos gorduchos: Frago e Clarêncio. Eles têm cabelos longos e barrigas em forma de botijão de gás. Como sempre, entram casa adentro numa correria sem freios, sem pedir licença. A mãe dos garotos dá um pequeno adeus de dentro do carro e vai embora sem dar tempo a Deleide de combinar o horário para apanhar os bolotas. A mãe dos gordinhos é sempre a última a buscá-los. Ela sempre deixa os carnudinhos até mais tarde. Só resta a Deleide respirar fundo e acenar com cara de