Meu ensino: lugar, origem e fim do meu ensino – jacques lacan
Lacan em seu texto “Lugar, origem e fim do meu ensino” inicia discorrendo acerca que esse título não assume um sentido de resumo do seu ensino e que não é sua ambição entregar este sob forma de comprimido, pois quando o autor está fora de cena, este é resumido em poucas linhas nos manuais.
Ele diz que no ínicio não é a origem, é o lugar. Onde ele conseguiu chegar, que o permite ocupar a posição de ensinar, na medida em que há ensino. Somos empurrados pelo ato, e então ocupamos um lugar. Quanto ao meu lugar, diz Lacan, é preciso relembrar certo momento de crise da psicanálise na França, em 1953. Quando se quis dar lugar a um dispositivo que deveria regular o status do psicanalista no futuro. O que eu disse ali teve certo alcance.
Todos supoem, de certa forma, conhecer a psicanálise. “O inconsciente, ora, é o inconsciente”. Todos sabem que este inconsciente existe. Mas o que é o inconsciente? É um fato e um fato novo. Precisamos desenvolver alguma coisa que explique este fato de haver pensamentos inconscientes. Isto nao é claro nem evidente. O insconsciente, assim como outras coisas na psicanálise, acaba sendo admitido e embrulhado. E os únicos que crêem não saber o que é uma psicanálise são os psicanalistas. Os psicanalistas não dizem absolutamente que sabem, mas o deixam a entender.
Não é sempre querendo o bem das pessoas que somos bem sucedidos, na maior parte das vezes se dá o contrário. As pessoas deveriam saber disto. Entretanto, a fraqueza dos psicanalistas, quando em massa, é querer que saibam que eles estão ali pelo bem de todos. Como corpo representado, fazem questao de ficar do lado do bom, do que interessa. Para isso, precisam mostrar que o que dizem e fazem já foi descoberto em algum lugar, já foi dito e vemos por aí.
Certas palavras que empregamos convém ao mistério, mas fazem sentido. Por exemplo, “verdade”. O que é “a verdade”? “ Psicanálise” é uma dessas palavras.