Meu desafio
O papel do micro-crédito e das micro-finanças como instrumentos de redução da pobreza Marcelo Roque da Silva 1. Introdução O crescimento econômico e a distribuição da renda no interior das nações são duas das formas conhecidas para reduzir a pobreza. Porém, em uma época na qual a globalização tende a se aprofundar, não há porque ignorar um outro aspecto do problema, o fato de que também existe uma grande desigualdade entre as diferentes nações, desigualdade esta que tem crescido ao longo dos últimos dois séculos. Atualmente a questão da desigualdade mundial de renda é amplamente conhecida e debatida. Ela implica em que, enquanto alguns países proporcionam uma qualidade de vida - proveniente de sua elevada renda per-cápita - relativamente alta a seus cidadãos, outras nações ao redor do planeta sofrem com a fome, miséria, doenças, ignorância, falta de crescimento econômico e de produtividade, entre outros males. Para se ter uma noção numérica desta diferença basta olhar para os dados. Ficaremos em um só deles: no início do século XIX, a razão da renda real per-cápita entre os países mais ricos e os mais pobres era de 3 para 1; ao redor de 1900, esta razão havia subido para 10 para 1; no ano 2000, a mesma razão estava em 60 para 1. Nota-se claramente que, apesar de a produção mundial de bens e serviços - e consequentemente a renda mundial - haver crescido 50 vezes desde 1820 até os dias atuais (enquanto a população cresceu apenas 6 vezes durante o mesmo período) esse crescimento tem sido consideravelmente mal distribuído entre as diversas nações do planeta (Wolf, 2000). O que se nota é uma piora na distribuição da riqueza mundial (se essa tendência irá um dia se inverter é ainda uma questão em aberto) ao longo do tempo e uma das principais conseqüências disso é uma maior dificuldade em se reduzir a miséria das nações mais pobres, pois