metrópole sustentável.
Metrópole suste
Se você mora em uma cidade grande, olhe à sua volta. O lixo, a pobreza, os engarrafamentos e a poluição não mentem: as coisas não vão tão bem assim. Apesar de o Brasil garantir o direito a “cidades sustentáveis” em suas leis e ter visto, nos últimos 10 anos, alguma melhora em relação a problemas como favelização, moradia e pobreza, a desigualdade ainda é grande. Conversamos com sociólogos, arquitetos, economistas, urbanistas e representantes de organizações internacionais sobre o assunto. Será que estamos fadados a um colapso ou a metrópole sustentável é um conceito viável? Isabela Fraga
Ciência Hoje/RJ
2 2 • Ciência Hoje • vo l . 4 6 • n º 2 74
U R B A N I S M O
ntável: é possível?
I
ilUstraÇÕes MateU velasCo
nez Liuth, 49 anos, é diarista e mora em
São Gonçalo, município do estado do Rio de Janeiro. Todos os dias, ela gasta cerca de três horas no trajeto entre sua casa e o trabalho, na Zona Sul do Rio – distância de cerca de 35 km. O caminho não é dos mais agradáveis: duas conduções, ônibus lotado, engarrafamentos. Até mesmo a rua de sua casa, ainda não asfaltada, obriga Inez e os vizinhos a levar um segundo par de sapatos na bolsa em dias de chuva. “A gente coloca um para andar até o ponto de ônibus, depois troca e guarda num saquinho”, conta ela.
Muito diferente dessa realidade é o que garante a legislação brasileira. O país foi o primeiro da
América Latina a incluir em suas leis dizeres sobre o ‘direito à cidade’ no chamado Estatuto da Cidade, cunhado em 1998: “garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito à terra
urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infraestrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações”.
Dada a definição oficial do termo ‘cidade sustentável’, não é preciso ir muito além do óbvio para constatar que as cidades brasileiras estão longe de ser sustentáveis. Paulistanos perdem, em média, 2 horas e 43