Mestre

10708 palavras 43 páginas
O silêncio do psicanalista1, 2
André Green
Resumo O presente trabalho é uma tradução feita do artigo de André Green, “Le silence du psychanalyste”, publicado na revista Topique em maio de 1979 (e depois integrado ao livro La folie privée de 1990), no qual o autor, a partir de uma discussão com colegas, trabalha com duas perguntas: 1) qual o estatuto metapsicológico do silêncio do psicanalista durante as sessões?; 2) o silêncio do psicanalista existe? Compreendendo esse silêncio como fazendo parte do enquadre analítico, o autor discute as várias significações que ele pode comportar. Unitermos Silêncio do psicanalista; metapsicologia e técnica psicanalítica; enquadre analítico; transferência; interpretação; inconsciente e pulsão; casos limites.

I urante o último outono discutimos, com um grupo de amigos psicanalistas, sobre o silêncio do psicanalista. A discussão mostrou que dávamos ao silêncio interpretações diferentes. Não posso relatar aqui todos os argumentos que foram sustentados no debate3. No entanto, duas questões continuaram em minha memória.

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A primeira é: “podemos dar ao silêncio do psicanalista um estatuto metapsicológico?”. A segunda: “o silêncio do psicanalista existe?”. Como se pode imaginar, não foi fácil responder à primeira. Quanto à segunda, a existência do silêncio foi colocada em questão pelo fato de que, se é verdade que o psicanalista é silencioso, às vezes até mesmo mudo, esse silêncio é, no entanto, vivo, habitado pelas associações do analista. Era preciso
Psychê — Ano VIII — nº 14 — São Paulo — jul-dez/2004 — p. 13-38

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| André Green

distinguir, então, entre o silêncio como figura do vazio e o silêncio advindo de uma estratégia do calar. Sabemos que Bion recomendou aos analistas serem sem memória, e sem desejo e aproximarem-se, tanto quanto fosse possível, de um estado de vazio interno, para deixar surgir os pensamentos suscitados pelo discurso do paciente. Esta observação ganha valor por ter sido colocada por um

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