Mestre
Por lila souza
Nascido em um muito pequeno vilarejo ao norte da Itália, Christian Piana tinha tudo para ser operário. Mas a influência do avô pintor e a vontade de vivenciar outras realidades o levou a lugares desconhecidos por muitos de nós. De comunidades terepêuticas na Itália, à Srebrenica na Bósnia, passando por um vilarejo no Peru e almejando estar em comunidades de curandeiros na África, Piana tem na fotografia não só uma oportunidade para “testemunhar e reportar”, mas uma chance de ter outra percepção da vida.
De operário à fotógrafo
Stazzano, sua terra natal, tem pouco mais de 2 mil habitantes, a maioria deles operários e camponeses. “Meu pai trabalhava na fábrica, minha mãe trabalhava na fábrica, todos os meus amigos trabalhavam na fábrica e eu... trabalhava na fábrica (risos)”. Ainda no ensino médio exercia a função de tubista soldador, um trabalho que adorava: “Foi uma das melhores experiências de trabalho da minha vida”. Primeiro porque havia uma relação muito forte com o lado artesanal – não funcionava como uma linha de montagem, era a construção de alguma coisa, do equipamento do começo ao fim. Da moldagem das partes até ver a peça funcionando. Em segundo porque as pessoas que o ensinaram a trabalhar foram grandes mestres: “éramos sempre um operário experiente e um ajudante. Eu ajudava uma pessoa que era extremamente ética e profissional. Muito forte, muito capaz de fazer as coisas e muito admirado. Nosso compromisso maior era com o trabalho, não se via ninguém reclamando ou dizendo que não era pago para fazer tal ou tal coisa, nosso trabalho era impecável, tudo tinha que ser muito bem feito, com muito capricho. A preguiça era a coisa que mais se desprezava”, relembra saudoso.
Mas o maior aprendizado dessa época foi entender que nunca se deve desistir. Seu superior, de uma forma rude até, como um operário sabe fazer, o ensinou a não desistir. “As vezes a gente precisava de um