Mestre
A ciência do marketing sempre foi alvo de duras críticas por parte da academia pelo seu caráter utilitarista. Compreende-se por utilitarismo como uma forma de julgamento de valor que entende que é verdadeiro aquilo que é util. Essas críticas são resquícios do antigo debate entre ciência pura e aplicada que foi resolvido já no século passado.
Na ciência da Administração, e em suas disciplinas, essa preocupação sobre a científicidade ainda é latente. Algumas dessas disciplinas já estão bem consolidas, mas em outras a aceitação de cientificidade ainda persiste. No marketing o problema da científicidade e da demarcação científica têm levado a estudos que buscam mapear a produção científica de modo a identificar elementos que possam contribuir para a formação de uma ‘unidade’ teórica.
A primeira afirmação que podemos sustentar é que o marketing é uma ciência que tem como objetivo a produção de conhecimento útil. Já não é tão clara a fina linha que separa a ciência pura da ciência aplicada, pois afinal o objetivo central da ciência é auxiliar nossa interpretação sobre o mundo e sempre que possível auxiliar na resolução de problemas. Neste ponto, não existe uma regra que especifique se um problema é válido ou não. O que importa é se esse problema foi abordado de maneira sistemática e segura.
Portanto, a ciência do marketing tem como objetivo a produção de conhecimento científico, útil, que busque solucionar o problema que vivenciamos no cotidiano. Conhecer o impacto do aumento do preço sobre a demanda é um problema perfeitamente aceitável e merecedor de uma pesquisa científica. Nesse sentindo, reconhecemos ainda que esse problema está longe de ser solucionado, pois a realidade é complexidade e perfeita ao passo que nossa visão dela é ofuscada e imperfeita. Não devemos ter a pretensão de sermos donos absolutos da verdade, pois a verdade não faz parte desse mundo complexo. Há apenas relances da verdade, fragmentos