Mestre
UM RÓTULO A PROCURA DE SIGNIFICADO
“Deixai cada um tornar-se o que for capaz de ser; expandir se possível, até seu pleno florescimento: suportar todas as limitações, rejeitar tudo o que for estranho, especialmente aspectos nocivos; e mostrar-se em toda a grandeza de sua dimensão e estatura, ser aquilo que possa.” Thomas Carlyle, 1827
O que é na verdade o excepcional? Um ser limitado, diminuído? Um estranho entre nós? Assim nos habituamos a pensar e sentir. O termo deficiente, excepcional e semelhante faz com que sem que muitas vezes nos apercebamos, vamos marcando com o estigma da diferença a estas pessoas. A idéia de que o deficiente, seja físico, mental ou social, é um limitado, um ser fora do contexto, está firmemente associada à idéia de uma sociedade em que todos têm um papel preestabelecido a exercer. A consciência do papel social vinculado a determinado status econômico-social assume importância capital durante e após a revolução industrial. O artesanato, o trabalho no lar, as corporações de ofício, os direitos e os costumes de sucessão, a proteção familiar que até então ordenavam as atividades laborativas na sociedade tendiam a colocar o deficiente como vítima do infortúnio e da desgraça, digno de comiseração e apoio. Dele nada se exigia, pois não se exigia nada de ninguém. A cada um já estava assinalado um destino, nascesse na aristocracia, no campesinato ou na florescente burguesia mercantil. Não se concebia o indivíduo como elemento de produção e portanto com um papel a exercer na maquina produtiva. Nesta concepção de ordem econômico-social, o excepcional é um infeliz. Na revolução industrial muda-se a concepção do que o homem faz na sociedade. Ele agora é uma peça da produção: espera agora um