Mestrado
Aná. Psicológica v.26 n.3 Lisboa jul. 2008 Desenvolvimento social: Algumas considerações teóricas Manuela Veríssimo (*)
António J. Santos (*) RESUMO
O presente artigo tem como objectivo apresentar algumas perspectivas teóricas sobre o processo de desenvolvimento, especificamente ao nível dos múltiplos factores que contribuem para o desenvolvimento sócio-emocional da criança. Procura-se salientar a definição de desenvolvimento como produto de uma co-acção entre a biologia e as influências sociais. As interacções precoces assim como as interacções entre pares são abordadas como importantes contextos de desenvolvimento.
Palavras-chave: Desenvolvimento social, perspectivas teóricas, interacção. Embora os psicólogos do desenvolvimento contemporâneos concordem que retomar o debate “nature-nurture” (biologia versus ambiente social) é infrutífero, estas duas diferentes concepções, dos determinantes do comportamento humano persistem na psicologia académica, bem como no senso-comum. Um bom exemplo disto é o controverso artigo de Scarr (1993), o qual tenta promover a investigação em genética comportamental, alegando que, devido ao facto de o ambiente social que rodeia os indivíduos ser tão semelhante, a diversidade do comportamento humano deve ser explicada pelas diferenças do património genético. Numa vigorosa reacção a esta posição, Baumrind (1993) contestou a noção de semelhança dos ambientes sociais, sublinhando os resultados de numerosos estudos empíricos, que demonstraram como diferentes condições sociais estão relacionadas com diferenças no desenvolvimento precoce.
Curiosamente, os pioneiros da psicologia do desenvolvimento adoptaram uma visão bastante diferente. Em vez de tentarem decifrar a contribuição relativa dos factores genéticos e ambientais no desenvolvimento humano, argumentaram que ambos actuam em conjunto. Por exemplo, Preyer (1888), um dos primeiros investigadores do